A superlotação de animais silvestres nos órgãos especializados no Amazonas é tamanha que, para resolver a situação, os espaços teriam que ser triplicados. Também falta, entre outras coisas, dinheiro para a compra de alimentação para os animais.
A afirmação é do analista ambiental Róbson Czaban, 56, que atua no Núcleo de Fauna do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “O dobro é pouco. Mesmo triplicando ainda vai faltar espaço. São muitos animais chegando e falta espaço. A nossa vontade é devolver os animais à natureza. Quando não dá, por falta de condições dos mesmos, temos que tentar mandar para um zoológico ou liberar para alguém autorizado. Precisamos sempre da colaboração de alguém”, lamenta o analista.
O espaço físico do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), tanto do Ibama quanto do Espaço da Vida Silvestre (EVS) Sauim Castanheiras são os mesmos há muitos anos. Enquanto isso, o número de animais que chegam aumenta a cada dia.
As duas unidades recebem animais resgatados, apreendidos ou entregues espontaneamente pela população. Depois de feita uma avaliação ou recuperação, os órgãos tentam uma destinação, preferencialmente que eles voltem ao habitat natural. Os que não apresentam condições são entregues a criadores autorizados (cientistas, conservacionistas, zoológicos etc).
Falcão peregrino, que foi atingido por um avião, está em lugar inadequado no Ibama
Ironicamente, a superlotação dos Setas se dá pelo aumento da consciência das pessoas. De acordo com Czaban, o número de resgate, de entrega espontânea e de denúncias contra pessoas que mantêm animais em cativeiro, sem autorização, tem aumentado a cada dia. “Isso é bom por um lado, mas complicado por outro porque precisamos de aumento no orçamento para atender a demanda com mais espaço e mais gente para trabalhar”, relata.
Em relação ao (EVS) Sauim Castanheiras, o Cetas do Ibama tem mais condições de receber felinos, porque tem uma jaula grande, além de possuir tanques para quelônios. Mas há uma grande variedade de espécies de aves, além de macacos, que podem ser encontrados nos dois centros.
Oncinhas
Segundo o analista ambiental Róbson Czaban, chegaram recentemente ao Cetas do Ibama dois filhotes de onça jaguatirica, que ainda estão em fase de amamentação e de muitos cuidados. Como o leite para os animais custa mais de R$ 50, e eles não poderiam ficar numa jaula, foram adotadas por alguém do ramo.
“Como as oncinhas não têm onde ficar e nem quem cuide delas, sensibilizamos um veterinário que as levou para sua residência e está cuidando delas, com o nosso acompanhamento. Pela falta de condições, ficou comum acontecer esse tipo de coisa”, afirma Czaban.
Fonte:(A Crítica)